Síndrome de Osgood-Schlatter: revisão fisioterapêutica
Hoje iremos abordar um tema no qual muitas pessoas possuem muitas dúvidas, em muitos casos por ter algum amigo ou familiar com este problema. No artigo iremos esclarecer sobre a origem, os sinais e sintomas, a incidência, e porque os adolescentes são mais prevalentes para adquirir esta síndrome.
Introdução sobre Osgood-Schlatter
No decorrer dos últimos anos houve um aumento de incentivo aos adolescentes para com a prática de uma grande variedade de esportes e participação de competições de alto nível. As vantagens decorrentes desta participação são a melhora da sensação e bem-estar, do aparelho circulatório e respiratório, da força muscular, desenvolvimento do espírito esportivo, além das habilidades no convívio social.
Os ossos do corpo humano possuem um alto grau de rigidez por conta da sua função básica que é a proteção e sustentação, além de possuir grande participação em alavancas de movimento, na coordenação e na força devido à contração dos músculos. Entre as lesões que ocorrem na prática de esportiva por crianças temos a patologia/síndrome de Osgood-Schlatter que foi primeiramente descrita em 1903 por Osgood, e surge durante a adolescência em forma de tumefação em torno do tubérculo tibial e do tendão patelar (LOVELL e WINTER, 1988). Ou seja, é uma condição comum que ocorre a partir de uma osteocondrite, onde se insere uma parte do tendão patelar. Em outra descrição que podemos citar é definida como uma apofisite (inflamação da inserção tendínea) do tubérculo tibial, causada por inflamação ou ligeiro rompimento do tendão da patela em seu ponto de inserção no tubérculo tibial (RATLIFFE, 2000).
Uma das outras forma de colapso da apófise é por uso excessivo. O excesso de peso e esforço aplicado por um longo período de tempo neste local pode resultar em alterações estruturais agudas, onde o organismo fica temporariamente incapaz de se recuperar. Desta forma, a inserção apofisária pode desenvolver micro lesões no tendão e pode conter hemorragias associadas no tubérculo tibial onde, chamamos de síndrome de Osgood-Schlatter.
Incidência
Existem muitos estudos sobre este tema, e grande parte dos autores relata o desenvolvimento da patologia na fase de rápido crescimento do ser humano, por volta dos 11 até os 15 anos de idade, sendo em média 13-14 anos para os meninos e 11-12 nas meninas. Ocorre principalmente em adolescentes que praticam esportes, de impacto e quando são exigidas rápidas mudanças de velocidade como futebol, basquetebol, corrida, balé etc. A síndrome é mais frequente no sexo masculino e ocorrendo na maior parte unilateralmente, mas não descartando acontecer de forma bilateral também.
Apesar da maioria das literaturas pesquisadas ser singular em relação à maior incidência desta lesão no sexo masculino, podemos dizer que no meio esportivo essa diferença quanto ao sexo pode estar começando a minimizar. Porque atualmente, a procura dos esportes pelo sexo feminino vem aumentando gradativamente, além do aumento consequente da competitividade. Para comprovação, existe um tipo de Osgood Schlater (OS), que seria uma variante desta síndrome onde se define por Síndrome de Sinding-Larsen-Johannson na qual acomete a parte inferior da patelar onde é inserido o tendão patelar, que acomete principalmente o sexo feminino entre 12 e 15 anos, em moças que praticam atividades físicas de grande esforço físico.
Quadro clínico
Normalmente pacientes portadores desta síndrome relatam algia no joelho, mas precisamente localizada no tubérculo tibial (dois ou três polegares abaixo da patela). Obtendo inchaço, que piora com a realização de atividade física, porém reduz com o repouso.
Pode-se notar também uma saliência sólida e dolorosa, logo abaixo do joelho, que é sensível ao toque, além de dificuldade de permanecer muito tempo com apoio ao joelho (ajoelhado) ou sem apoio (agachado).
Diagnóstico
O diagnóstico da patologia de Osgood-Schlatter geralmente é determinado clinicamente, pode ser também ser diagnosticado através de alguns exames solicitados pelo médico em questão, tais como: raios-X, ressonância magnética e cintilografia óssea para que outras patologias sejam excluídas.
Aprofundando um pouco mais nos achados radiológicos realizados no joelho, quando o raio–x tirado do joelho em perfil apresentar laudo de normalidade ou apenas uma tumefação das partes moles, está sendo indicativo de fase inicial da síndrome. Já quando observarmos uma irregularidade da fragmentação da apófise indica que a mesma esta na fase moderada. E por fim, quando a doença está na fase avançada verifica-se que há um ossículo intra-tendinoso podendo ser analisado no exame.
Complicações
Em Osgood-Schlatter podemos ter algumas complicações, a mais comum é a não união do tubérculo na tíbia. Essa é a causa da persistência dos sintomas na vida adulta, e desta forma o fragmento não unido deve ser removido.
Uma outra sequela menos comum, porém importante a ser verificada, é a fusão prematura da extremidade anterior da epífise tibial superior. Isso leva a genu recurvatum (hiperextensão de joelho). Quando a incapacidade é prolongada a patela pode se tornar alta e a sua superfície articular fica sujeita a constantes traumas e resultando em osteoartrite, onde se acredita que provenha de uma ossificação separada que não se uniu à epífise proximal (TUREK, 1991).
Tratamento Fisioterapêutico
A fisioterapia tem papel fundamental neste quadro podendo participar com modalidades para aliviar a dor e com exercícios para preservar a força muscular de membros inferiores, principalmente do músculo quadríceps, além de promover a boa forma física durante o período de recuperação do paciente.
Os artigos literários são unânimes, sobre os alongamentos de membro inferiores, com foco na região dos músculos isquiotibiais, e do quadríceps, pois freqüentemente apresenta-se encurtamento nos casos de lesão de Osgood-Schlatter, reforço da musculatura extensora do joelho para restaurar o apoio e equilíbrio patelares, aplicação de gelo nas fases agudas ou após as atividades esportivas, ou de grande esforço na região do joelho.
Existem recursos que o fisioterapeuta pode manusear durante o tratamento que possivelmente possam vir a contribuir no tratamento do paciente com a lesão de Osgood-Schlatter, pelos seus efeitos fisiológicos e eficiência nos tratamentos.
Laserterapia
Os efeitos do “laser” nos tecidos contribuem para analgesia e redução do edema.
O laser fisioterápico é produzido por uma mistura de hélio/neônio, onde produz uma luz vermelha e a infravermelha não produz luz, por está questão são diferentes das outras formas de luz porque é monocromático (apenas um comprimento de onda), sendo assim o raio de luz é estreito, paralelo e uniforme. As ondas deste laser são idênticas, superpondo-se umas as outras e, portanto, dando um efeito de amplificação.
Tens
A estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) consiste em uma corrente de baixa frequência. Esta forma de terapia é vastamente estudada na literatura quanto a seu efeito analgésico na síndrome de OS.
Ultra Som
O US é um auxiliar importante devido aos efeitos fisiológicos proporcionados pela diminuição do processo inflamatório, e efeito cicatricial. Quando o ultra-som penetra no corpo, pode exercer um efeito sobre as células e tecidos imediatamente, por meio de dois mecanismos físicos: térmico e mecânico.
Alongamento
Na fisioterapia alonga-se propositadamente um músculo, tanto para se manter, como para se readquirir seu comprimento normal de repouso, isto é realizado sobre músculos relaxados (LIPPERT, 1996). Desta forma para que haja amplitude de movimento normal é necessário haver mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles que estão em volta da articulação.
Para executar a maioria das atividades cotidianas funcionais, assim como atividades ocupacionais e recreativas, é necessária geralmente uma amplitude de movimento sem restrições e sem dor, então a flexibilidade dos quadris e membros inferiores é importante para a eficiência na maioria das atividades. Quando um músculo está encurtado, sem alongamento devido, ele não pode desenvolver toda sua potência ao ser ativado para contrair e, como resultado irá limitar a amplitude de movimento. A perda da flexibilidade, independente da causa, pode provocar dor originando-se no músculo, tecido conectivo, ou periósteo, o que levará a uma diminuição da força muscular (KISNER e COLBY, 1998).
Curiosidades sobre Osgood-Schlatter
Existem estudos que relatam que pacientes com a síndrome de Osgood-Schlatter possuem alterações posturais, uma leve flexão de joelho na posição ortostática (em pé), protusão de ombros (ombros para frente) e consequentemente, um aumento da cifose torácica, além de encurtamentos musculares decorrentes da má postura, o que acarretará em uma ação muscular pouco produtiva e menos eficiente ao longo do tempo.
Conclusão
Podemos concluir e destacar a importância da conduta fisioterapêutica no tratamento da patologia/síndrome de Osgood-Schlatter, já que se pode utilizar de diversos recursos disponíveis para alivio da dor, exercícios de alongamento e fortalecimento muscular e desta forma obter uma ótima recuperação.
O paciente espera um auxílio no alívio da dor, e sendo assim, o fisioterapeuta deverá realizar o máximo possível para promover um bem estar físico mental e às vezes até mesmo social na recuperação deste paciente.
A respeito desta síndrome relatada, um tratamento adequado e com orientações corretas, é de grande valia para que o paciente não tenha que se limitar da prática esportiva por tempo prolongado e não perca seu condicionamento físico, além de evitar com isso complicações futuras na vida adulta.
Também podemos dizer que os estudos são bem contraditórios no que diz respeito à etiologia da lesão de Osgood-Schlatter (OS), tendo varias definições, além disso, existe também a ressalva de vários profissionais na área de que deva sempre existir mais estudos tratando deste tema, visto que são casos que frequentemente surgem nas clínicas de fisioterapia e também, afetam adolescentes com uma faixa etária onde o corpo está em desenvolvimento, com mais praticantes nos esportes e em busca de uma vida saudável, é sempre válido termos mais estudos e averiguações sobre tratamentos, técnicas e novas descobertas para esta síndrome.
Espero que tenham gostado do tema apresentado, mais uma vez me deixo à disposição para quaisquer duvidas, dicas e comentários, ou também assuntos sugeridos sobre a Fisioterapia. Então como de costume venho deixar uma mensagem de reflexão a todos os leitores: Fisioterapia é acreditar sempre, desistir jamais e diante de todas as adversidades buscar encontrar novas possibilidades para então assim, alcançar o que era considerado impossível.
2 comentários
maio nd, 2019 11:06 AM Responder
Meu filho de 13 anos esta sofrendo muito. Mesmo depois de 20 sessões de fisioterapia não sessa a dor e o inchaço. Já fiz vários exames e tomou 15 dais de anti-inflamatório. Como consigo amenizar?
jun th, 2019 9:16 AM Responder
Olá Renata, tudo bem? Compreendemos sua situação, mas não podemos indicar um tratamento para o caso do seu filho. Recomendamos que procure mais profissionais da área para avaliar os exames e aplicar o melhor tratamento.